Lisboa, Cais do Sodré: Quando chega a noite Com suas caras fugidias, Olhos dilatados pelo assombro Deixamos que a cidade nos invada, Fantasma a embriagar-nos de luz e côr Num sonho de mil e uma fantasias, O desejo cruzando os neons Em projecções plásticas... O dealer roubou-me, Levou-me a alma! Rai's parta o dealer! E se depois, ao acordarmos, Acaso reparamos na escuridão que nos cerca, No leve restolhar que vem do lúgubre canto, Somos tomados por uma enorme letargia Que nos deixa permeáveis Ao frio da madrugada. É então que as ratazanas, Abandonando as trevas, Ficam estáticas, silenciosas, A verem-nos ir, equilibrando o passo, Por entre as sombras e o lixo... O dealer roubou-me, Levou-me a alma! Rai's parta o dealer! Táxi! Casal Ventoso, se faz favor!