As noites de solidão sob as estrelas No vazio do teu quarto A casa encaixotada O soalho E as horríveis linhas paralelas até à parede O nada absoluto Que te faz vomitar e te tortura Nessa letargia de junkie sem tempo Fora do tempo Tudo por um grama de pó Não era isto a revolução Não era esta a liberdade lisérgica que te estava prometida E as cinzas vermelhas dos teus olhos Em contrabando de afectos Sentindo o vácuo E o medo de não ter a merda do pó De acordar Sem a merda do pó Os músculos rígidos O poderoso nó no estômago Que te faz saltar As tripas O medo de não poderes fugir de ti De não conseguires esquecer Esse corpo Tudo por um grama de pó Não era isto a revolução Não era esta a liberdade lisérgica que te estava prometida Esse corpo que já não serve para nada Retalhado na sua Cosmogonia Que te tortura na sua inactividade Que te prende agora ao Quotidiano metálico da prisão Morto nos odores da humidade Dejecto pútrido Esperma Em valsas sonhadas no ressonar da noite de cimento que te Envolve