Essa vida de vaqueiro Nesse reino do sertão Vivendo na solidão Sem visita o dia inteiro Sob a luz do candeeiro Faz um pouco de oração Ajoelha-se no chão E no claro de uma luz Pede a Deus e a Jesus Força e disposição Improvisa uma canção Que fez pra mulher amada Sai aboiando na estrada Cheio de amor no coração Quando canta essa canção Parece estar satisfeito Sua vida é desse jeito É feliz durante o dia Mas na noite escura e fria Só tem tristeza no peito Na fazenda ele é desprezado Não recebe nenhuma atenção Sua vida só tem solidão Sua mesa só tem um lugar No terreiro ele vê o luar Logo em cima da sua cancela No luar ele vê a donzela Que talvez nunca vá lhe amar Quando chega o fim da vida Tem acabado a jornada Seu corpo segue na estrada Levado por boiadeiros Sepultado num terreiro À beira do Rio Salgado Ele é homenageado Com canções de nossa gente Com aboios e repentes E com o mugir do gado