Não falei contigo Com medo que os montes e vales que me achas Caíssem a teus pés Acredito e entendo Que a estabilidade lógica De quem não quer explodir Faça bem ao escudo que és Saudade é o ar Que vou sugando e aceitando Como fruto do verão, jardins do teu beijo Mas sinto que sabes que sentes também Que num dia maior serás trapézio sem rede A pairar sobre o mundo Em tudo o que vejo É que hoje acordei e lembrei-me Sou mago, feiticeiro Que a minha bola de cristal é folha de papel Nela te pinto nua, nua Numa chama minha e tua Desconfio que ainda não reparaste Que o teu destino foi inventado Por gira-discos estragados Aos quais te vais moldando E todo o teu planeamento estratégico De sincronização do coração São leis como paredes e tetos Cujos vidros vais pisando Anseio o dia em que acordares Por cima de todos os teus números Raízes quadradas de somas subtraídas Sempre com a mesma solução Podias deixar de fazer da vida um ciclo vicioso Harmonioso, ao teu gesto mimado E à palma da tua mão É que hoje acordei e lembrei-me Sou mago feiticeiro Que a minha bola de cristal é folha de papel Nela te pinto nua, nua Numa chama minha e tua Numa chama minha e tua Desculpa se te fiz fogo de noite Sem pedir autorização por escrito Ao sindicato dos Deuses Mas não fui eu que te escolhi Desculpa se te usei Como refúgio dos meus sentidos Pedaço de silêncios perdidos Que voltei a encontrar em ti Nela te pinto nua, nua Numa chama minha e tua Numa chama minha e tua Ainda magoas alguém O tiro passou-me ao lado Ainda magoas alguém Se não te deste a ninguém Magoaste alguém A mim passou-me ao lado A mim passou-me ao lado