Nestes dias tive tempo p'ra pensar Se a tradição estará mesmo p'ra acabar E cheguei à conclusão fundamental Que nesta história da canção tradicional É bonito ouvi-la vir de alheia mão És mais bonito é vir do próprio coração Se depois tem de resultar num bem comum Isso não nos pode pôr problema algum Que o colectivo que há em cada um de nós Não tem, porra, apenas uma voz E ouvir o bem comum de outra gente Que deixa o antropólogo louco de contente Que por nascer no meio da comunidade Para nós é música, p'ra eles identidade E porque vejo que saber gostar de ouvir É diferente de lembrar e produzir Perguntei ao sangue pela minha tradição E o sangue respondeu-me esta canção