Há 180 dias num sono profundo Profundamente em paz Não de quem dorme Nem de quem morre Mas apenas está Apenas está uma das metades Num descanso horizontal E a outra metade Numa ausência mortal Há 180 dias que me chamam de vegetal Há 180 dias com a merda do cheiro a hospital Há 180 dias que me chamam de vegetal Há 180 dias com a merda do cheiro a hospital A minha volta a dor Daqueles que por amor Não perdem a esperança Como a de uma criança Que à lua quer chegar ♪ Apaguem as máquinas, arranquem os fios Assim como eu arranquei a minha própria vida Não carregarei nos ombros o peso de uma alma perdida Apaguem as máquinas, arranquem os fios E neste último dia serei um covarde Um covarde que teve o que merecia Apaguem as máquinas, arranquem os fios Apaguem as máquinas, arranquem os fios Apaguem as máquinas, arranquem os fios Há 180 dias a hibernar Valerá a pena despertar? A realidade terei de enfrentar A realidade de quem Acabou de matar