Eu vou-me embora que hoje à noite tem fandango Disse o rapaz diante do seu velho pai Gaudério grosso que ensinara-lhe o ditado Gaúcho macho toma tiro mas não cai Desde pequeno um guri muito arteiro Quando apanhava não se punha à chorar Não vou chorar Dizia o rapaz Não se atreva Respondia-lhe o pai Naquela noite em meio a todo àquele baile Esse rapaz quase tombou pelo salão Ao ver a prenda que outro dia fora sua Em outros braços, machucando o coração Ele iria empunhar a sua adaga Mas preferiu voltar pra casa com seu baio Bem devagar E se pôs a chorar Na frente do pai A lhe falar Quem te faz chorar? Quem te faz sofrer? Estas lágrimas Vejo que você Tem a dor maior A que deveria ter Pois este solo não é duro Quanto o coração de um homem deve ser E o rapaz então saiu na madrugada Jurando ao pai e quem pudesse escutar Esta xinoca não vale as minhas lágrimas E nem a terra da sola desta bota Eu te prometo, pai, que por esta vergonha Tu não mais haverá de me ver a chorar Então o tempo foi passando e mudando E o rapaz não mais era só um rapaz E em um dia de bastante ventania é que ocorreu o velório de seu pai E lá estava toda a cidadezinha E aquela mesma mulher de tempos atrás Todos a chorar Menos o rapaz Que ao seu partir A mulher notou Em seu rosto a Expressão de enorme vazio E uma lágrima Uma lágrima