Numa sexta-feira púrpura, Sentia-se o hálito da noite. Se Inês tesia era pelos raios de luz, Que nunca vira, sinestesia. Era pelo silêncio branco, Em que saiam... Doces flores de sua boca, Reais cores de verão. Borbulhavam-se borboletinhas, De sua pele, mas Inês já não, Era todo ouvidos a seus afagos. As cores de suas palavras, Não tinham mais o sabor, Dos primeiros dias. O tom de sua voz, Tinha o mesmo áspero cinza, Que o tombo de um mi bemol, Na escala de tons inteiros, De um poema de Tom Jobim. Saiu pra comprar o pavio do lampião, E nunca mais voltou. Sozinho seu Mané ficou, Com um bilhete na mão.