Venho notado nas caras das pessoas Um ar de tristeza presente em minha geração Eu mesmo não resolvi uma história Com uma pessoa a quem me deu a mão E me falam que eu devo continuar fazendo música O que sempre amei, compor e dividir canção Mas dentro dessa cidade estranha Junto a moeda pra comida e pra completar a condução Impera em mim um certo ar de vaidade besta Como se alguma coisa fosse ser compositor Eu vou contando a história como ela é Um pouco diferente da arte de um ator Me divido entre ambições mesquinhas Como ter uma casa igual àquele bacharel Pensar num mundo pros meus filhos Ser chamado de Dr. Manoel E uma certa nostalgia da velhice Repetindo certos movimentos de meu pai Renata, amiga, tu ostentas a lamparina No intervalo da minha fala, da minha queixa Não vejo o mundo só sob a ótica marxista Mas compreendo o mundo e as lutas sociais Observo a vida dos trabalhadores Do Brasil profundo, para além dos litorais Observo também o poder comovente da coragem alheia O vigor das almas que discursam num plenário Também as moças que fazem programa Que tomam caldo de cana no primeiro horário Percebo o humano e a sua ambiguidade Não gosto apenas de falar de amor Mas do bruto, mortal, puro, sério e selvagem Impulso, perversão, ira, paixão e rancor Mas como eu dizia eu venho notado Um ar de tristeza presente e frequente em minha geração Mas ao menos aqui nessa história A vida se resolve na canção