Estive um tempo preso Em volta de três paredes De alimento eu tinha o copo Que arrebentava minha sede Por dias não tive o banho Vendo o dia de uma fresta Um fio de luz na testa Dormia numa fotografia Percebi a minha cor Percebi também o amor Na mão preta de Maria Mochila de travesseiro No solo de um prisioneiro Improvisei no chão encardido Forrando a cama de camisa Assim foi há cinco anos Numa tarde quase noite Numa cela, vala: Antares Ares do Antes, da vida Três da manhã esperando o sol nascer Só para ver a luz de cristo aparecer