Sai com a patroa pra pescar No canal da barra uns siris pra rechear Siri como ela encheu de me avisar Era o prato predileto do meu compadre Anescar Levei arrastão e três puçás Um de cabo outros dois de jogar De isca um sebo da véspera, e pra completar cachaça iemanjá Birita que dá garantia de ter maré cheia Choveu siri do patola, manteiga, azulão, um camaleão No tapa a minha patroa espantou três sereias Na volta ônibus cheio, o balde derramou Em pleno coletivo, um gato se encrespou O velho trocador até gritou: Não bebo mais Siri passando em roleta, mesmo pra mim é demais De medo, o motorista perdeu a direção Fez um golpe de vista, raspou num caminhão Pegou um pipoqueiro, um padre, entrou num butiquim O português da gerência, quase voltou pra almerim Quiseram autuar nossos siris Mas minha patroa subornou a guarnição Então os cana dura mais gentis Levaram a gente e os siris pra casa na abolição Depois do: Té logo, um abração Fui botar os siris pra ferver Dentro da lata de banha Era um tal de chiar, pagava pra ver Tranqüilo o compadre anescar colocando o azeite Foi um trabalho de cão, mas valeu o suor Croquete, bobó, panqueca Siri recheado, fritada e o cacete. O Anescar chegou com uma de alambique Me perguntou se eu era Mendonça ou Dinamite Abri uma lourinha, trouxe um prato de croquete O Anescar mordeu um, feito quem come gilete Baixou minha patroa: Anesca, o que que há? O Anescar gemeu, dieta de lascar O médico mandou que eu coma tudo que pintar Até cerveja e cachaça Menos os frutos do mar