Não tive pra guardar, carta nenhuma No maço de papeis, da escrivaninha Ninguém mandou pra mim, nenhuma linha Como aliás ninguém, nem mais costuma Nenhum amor antigo, que eu presuma Guardou no coração, lembrança minha Nem mesmo amigo ausente, acho que tinha Por nunca me escrever, saudade alguma A mala do carteiro, quando vinha Passava em meu portão, como uma pluma E ele nem tocava a campainha Quem me escreveu usou, lápis de bruma Em carta que foi feita, de entrelinhas E redigida em páginas de espuma A mala do carteiro, quando vinha Passava em meu portão, como uma pluma E ele nem tocava, a campainha Quem me escreveu usou, lápis de bruma Em carta que foi feita, de entrelinhas E redigida em páginas de espuma