Abre a gaveta e sem querer tropeça Nos pés de uma carta esquecida em que lê Afinal, o que é que vês em mim? A ingrata pergunta nem sabe bem Se deu resposta concreta Isso hoje pouco importa Não vale a pena resgatar letra morta Dentro da carta além da pergunta Um espelho e fotografias de alguém que sorri Afinal, o que é que vês em mim? Constante a pergunta ainda espera resposta No verso da carta, de esperar não se farta É pra si razão de vida Foi há quantos anos? Nem dedos tem pra o contar Deste acaso há que apurar Porque se dá e ao que vem Fecha a gaveta ausenta-se atenta às fotos e ao espelho E de olhos nos olhos lê Afinal, o que é que vês em mim? A dada pergunta de novo se apresenta como ferida aberta Não pode não doer Não pode curar-se Foi há tantos anos, é dificil aceitar Esquece o tempo faz por encerrar Um passado avesso a passar A resposta é perguntar Afinal e tu? Sim, em mim o que é que vias? ♪ Abre a gaveta, arruma o espelho As fotos e a carta em que um dia alguém perguntou Afinal, o que é que vês em mim? ♪ O que é que vês em mim?