Foste como quem me armasse uma emboscada Ao sentir-me desatento Dando aquilo em que me dei Foste como quem me urdisse uma cilada Vi-me com tão pouca coisa Depois do que tanto amei Resgatei o teu sorriso Quatro vezes foi preciso Por não precisares de mim E depois, quando dormias Fiz de conta que fugias E que eu não ficava assim Nesta dor em que me vejo De nos ver quase no fim Foste como quem lançasse as armadilhas Que se lançam aos amantes Quando amar foi coisa em vão Foste como quem vestisse as mascarilhas Dos embustes que se tramam Ao cair da escuridão Resgatei o teu carinho Quatro vezes fiz o ninho Num beiral do teu jardim E depois já em cuidado Vi no espelho do passado A tua imagem de mim E esta dor em que me vejo De nos ver quase no fim Foste como quem cumprisse uma vingança Que guardava às escuras Esperando a sua vez Foste como quem me desse uma bonança Fraquejando à tempestade De tão frágil que se fez Resgatei o teu ciúme Quatro vezes deitei lume Ao teu corpo de marfim E depois, como uma espada Pousei na terra queimada O meu ramo de alecrim E esta dor em que me vejo De nos ver quase no fim ♪ Foste como quem me armasse uma emboscada Foste como quem me urdisse uma cilada