Já não quero mais nada Nao me metam mais nisso Pensei na dipanda Assumi compromisso Construí a buala Fui mutu ya kevela Quase morri sem causa Não fosse a filha rainha Eu já quero só tudo Nada de menos Respeito aos mais velhos Eu quero voltar a ver O Makiezo na praça Uma terra que cria Donos da nossa vitória No país que nasceu meu pai Desse todo Eu sou só um pedaço E espero um dia ver A prova que a mágoa sai No fundo dos olhos dos homens Justiça e água Para eu lavar meu pai Lenguluka que assobia É o n'guvulo Maka grande de um kandengue sem desculpa Nada contra o kuduro Sou da rebita Sou da matriz No país que nasceu meu pai Caté no Sambizanga Nós brincamos às favelas Em todas as telas Caté minhas vavós Vão descer as luzes amarelas E é lá que eu vou vê-las Vi nascer o meu pai Da coisa mais certa Numa proa do tempo com vento Com a voz Da esperança A voz de um povo Na melodia da noite Na total utopia da Beleza Sem tristeza Com a certeza da vitória Que pode ser incerta Mas certeza de chegada De um povo de história Afinal isto não é poesia São coisas da vida Da vida do país do meu pai O país do meu pai Tem cobiça, chiça Nos chinelos dela tem semba Pano não cai Me leva, me baixa... Escorrega Na terra do meu pai Terra do som Às vezes até o meu pai Se esquece da sua avó linchada Na fogueira do mundo fármaco Do seu mais aluguer, mais recôncavo Sabes pai, fazes-me falta Tu e todos os kotas do teu tempo Que se privaram por nós, para nós Era pra ser nós todos Os panos serviam como livros em estantes Licença de ter memória constante Alicerce da vida Qual quê Nós todos, era pra ser nós todos Já não quero mais nada... Caté minhas Vavós... Minhas Vavós... Eu só vim contar a história De um tempo não tão distante assim Eu só vim mostrar por dentro de mim O País que nasceu meu Pai