Eu vi quatro quadras soltas À solta lá numa herdade Amarrei-as com uma corda E carreguei-as para cidade Cheguei com elas a um largo E logo ao largo se puseram Foram ter com a família E com os amigos que ainda o eram Viram fados, viram viras Viram canções de revolta E encontraram bons amigos Em mais que uma quadra solta Uma viu um livro chamado "Este livro que vos deixo" E reviu velhas amizades Eram quadras do Aleixo E vai cantar sim Adriano Oio-ai, há já menos quem se encolha Oio-ai, muita gente fala e canta Oio-ai, já se vai soltando a rolha, já se vai soltando a rolha Que nos tapava a garganta Oio-ai, já se vai soltando a rolha, já se vai soltando a rolha Que nos tapava a garganta Ora bem, tinha marcado Encontro com as quadras soltas Pois sim, fiquei pendurado Como um tolo ali às voltas Chegou uma e disse: Andei A cumprimentar parentes E eu aqui a enxotar moscas Vocês são mesmo indecentes Respondeu-me: Ó patrãozinho Desculpe lá essa seca Estive a beber um copito Com uma quadra do Zeca Io, próprio Zeca Afonso que vai cantar aqui Oio-ai, disse-me um dia um careca Oio-ai, quando uma cobra tem sede Oio-ai, corta-lhe logo a cabeça, corta-lhe logo a cabeça Encosta-a bem à parede Oio-a, corta-lhe logo a cabeça, corta-lhe logo a cabeça Encosta-a bem à parede Das restantes quadras soltas Não tinha sequer notícia Dirigi-me a uma esquadra E descrevi-as a um polícia Respondeu-me: Com efeito Nós temos aqui retida Uma quadra sem papéis Que encontramos na má vida Diz que é uma quadra oral Sem identificação Que uma quadra popular Não precisa de cartão Se diz que pertence ao povo O povo que venha cá Que eu quero ver a licença O registo e o alvará: O se foste, canta essa Oio-ai, quando se embebeda o pobre Oio-ai, dizem, olha o borrachão Oio-ai, quando se emborracha o rico, quando se emborracha o rico Acham graça ao figurão Oio-a, quando se emborracha o rico, quando se emborracha o rico Acham graça ao figurão Fui com a quadra popular À procura da restante Quando o polícia de longe Disse: venha aqui um instante Temos aqui uma outra Não sei se você conhece Desrespeita autoridades E diz o que lhe apetece Tem uma rima forçada E palavras estrangeiras E semeia a confusão Entre as outras prisioneiras Se for sua, leve-a já Que é pior que erva daninha Olhe bem para ela: É sua? Olhei bem para ela: É minha! Oio-ai, nós queremos é justiça Oio-ai, e dinheiro para o bife Oio-ai, e não esta coboiada, e não esta coboiada Em que é tudo do xerife Oio-ai, e não esta coboiada, e não esta coboiada Em que é tudo do xerife