Mãe fora em que avenida? Olhos que a perseguem, pagam, comem Pai dentro, lambendo a ferida Com que o desemprego marca um homem E o irmão na caserna Puxando às armas brilhos E Alice no café Habitante do país dos matraquilhos Na classe dos repetentes Hoje vai haver mais uma falta Alice cerra os dentes Vendo a bola que no ar ressalta Quer lá saber do exame Quer lá saber da escola Aguenta no arame Matraquilho nunca cai ao ir à bola Alice no país dos matraquilhos é mais Do que no bairro onde vive, tem-te-não-cais Alice no país dos matraquilhos é mais Do que no bairro onde vive, tem-te-não-cais Há também Leonor Libertada da prisão há meses Dizem que é por amor Que olha tanto por Alice às vezes Pousa-lhe a mão na cara Protege-a de sarilhos Alice nem repara Viajou para o país dos matraquilhos E o irmão na caserna Cambaleia entre a cerveja e a passa Tem o sargento à perna O tal que compara a guerra à caça Faz tempo que descobre Que é um matraquilho mais Soldadinho de cobre Matraquilho no país dos generais Alice no país dos matraquilhos é mais Do que no bairro onde vive, tem-te-não-cais Alice no país dos matraquilhos é mais Do que no bairro onde vive, tem-te-não-cais Quando se cai na lama Ninguém pára pra nos levantar Alice!, o pai reclama A tua mãe não veio pra jantar E os insultos, noite fora Desvia-os em chorrilhos Alice nunca chora Adormece no país dos matraquilhos E a mãe no "bar do amor" Passa as horas na conversa mole Espera o seu protector E que o seu corpo a ele enfim se cole Não é que não recorde Os que deixou em casa Mas eis que chega o Ford E dentro vem o seu pavão de anel na asa Alice no país dos matraquilhos é mais Do que no bairro onde vive, tem-te-não-cais Alice no país dos matraquilhos é mais Do que no bairro onde vive, tem-te-não-cais Entra então no café Um rapaz de capacete em punho Fica-se ali de pé Escreve num papel um gatafunho E a Alice lê, surpresa Frases que são rastilhos "Como vai Sua Alteza A rainha do país dos matraquilhos?" "E tu ainda és o rei? Será que voltastes em meu auxílio?" "A bem dizer, já não sei Há tantos anos que ando no exílio..." "Vamos a um desafio?" "Atira tu primeiro" "A vida está por um fio Para quem é deste bairro prisioneiro" O café que ali houve É uma loja com ares de modernice E nunca mais ninguém soube A não ser a Leonor, da Alice "Aqui vai, Leonor A foto dos meus dois filhos Se reparares melhor Têm pinta assim, sei lá, de matraquilhos" Alice no país dos matraquilhos é mais Do que no bairro onde vive, tem-te-não-cais Alice no país dos matraquilhos é mais Do que no bairro onde vive, tem-te-não-cais