Dino nasceu em Portugal Os pais vieram de África à procura de uma vida normal Mas não passou da ilusão (Ai não? Pois não! Fizeram o que?) Apenas fé no coração Mas a fé não alimenta, a fome rebenta O Dino tem 2 anos, se calhar já nem se aguenta (pois é) Alegria não sabem o que é O pai trabalha todo o dia e a mãe tem de ficar com do bebé Vivem numa barraca bué fatela Quatro paredes velhas, uma porta, telhado e uma janela A casa de banho é um balde e uma lata Um colchão para os três, yah, a vida é bem ingrata 40 contos para o mês inteiro (só?) A vida vai de mal a pior e cada vez há menos dinheiro Mas lá vão sobrevivendo Dino vai crescendo E ao mesmo tempo aprendendo e vendo (o quê?) como tudo é sacrificio É melhor ir para a escola para seu próprio benefício Não há maneira de comprar o material O pai trabalha como um burro, a mãe tá bué da mal (bué da mal) Aos 9 anos consegue ir estudar Dá p'ra se desenrascar, mas só sabem lhe insultar É preto daqui, preto dali Queixa-se à professora, mas ela não liga, apenas sorri Os anos passam, chega ao oitavo Chega de escola, chega de fazer figura de parvo Meteu-se com as más companhias Agora vende droga e tem dinheiro todos os dias De tempos em tempos, vai parar à cadeia semana e meia A situação 'tá feia, mas lá se remedeia No fim do tunel há sempre uma luz A mãe chora em vão, mas ainda acredita em Jesus (Coisas da vida) (Coisas que acontecem aqui e ali) (Pode acontecer a qualquer um) (Cada um com o seu destino) (Uma história igual a tantas outras) (Coisas da vida) Ataca um jovem com um bastão Desta vez não escapou e acabou na prisão Sem solução, foi preso por ser homicida Ferida não será esquecida Agora é tarde pa' mudar de vida Apanha dez anos de sentença, crime não compensa Uma desgraça não vem só A mãe morreu de doença Desgosto, tristeza no rosto do pai Que tem muito pa' chorar Tão cedo o Dino não sai Pai desgostoso, filho criminoso Dino só pensa em fugir (Da onde?) daquele lugar horroroso Mas será que é capaz? (Duvido) Sabe que errou, no fundo não é mau rapaz Dez anos atrás das grades, apenas verdades O tempo custa a passar, enquanto morre de saudades A consciência pesa-lhe todos os dias Não há rebelias, restam sonhos e fantasias Coisas da vida (Pois é) (Essas coisas acontecem) (Em todo o lado) (A toda a hora) (Coisas da vida) (E continuando, a nossa história) (Dino) Chegou o seu momento (até que enfim, man) 5 anos depois saiu por bom comportamento A liberdade é condicional Agora chegou a altura de levar uma vida normal Longe de crime, Dino quer é sossego Mas não tem dinheiro, nem casa, tem que arranjar emprego Vai-se arranjando na casa do cota Levanta-se cedo, compra o jornal e põe a fatiota Tenta a sua sorte à procura de trabalho ("Então você tem cadastro?") ("Infelizmente sim") ("Sai daqui caralho!") Dia após dia a mesma resposta Continuou sem emprego até que lhe foi feita uma proposta Certo dia não aguentou mais A única solução eram os negócios ilegais Nada a perder, aceitou a oferta Não há moral que resista quando a fome aperta Mas o sol pouco durou (Porquê?) Uma transação deu po' torto e alguem o matou São as coisas da vida Saiu da prisão, meteu-se num beco sem saída Foi tratado como uma doença Tentou ser honesto mas ditaram-lhe a sentença Mas tenho a dizer que é fodido, um gajo sair da prisão e não ser reinserido, pensem nisso ♪ São coisas da vida, uuh De quem é a culpa?