Todo dia o Homem Invisível se levanta e faz o impossível para materializar um pouco de pão Passos surdos, é imperceptível, dia e noite sem deixar vestígios, na batalha contra o mal da solidão E ele pede, ele chama, ele grita, mas ninguém quer enxergar. Todo dia o Homem Invisível diz: - Bom dia! - tão longe do teu nível social. - Não leve a mal, mas hoje não. Ele varre o pó e lustra o piso, pinta as portas do teu paraíso Chega a noite e vai deitar no frio do chão das calçadas Das esquinas, do desprezo... pois ninguém quer enxergar E passa rente, simplesmente homem natural. Naturalmente Sumo Bem sobre as sombras Com a roupa de todo dia, veste-se de todos os dias que eu vi E segue em frente, pelas flores na poeira. Triste ou contente, parte toda sexta-feira Com o pão que é de todo dia, mostra-se inteiro no fim.