Para a bactéria O seu corpo é uma cama, é uma casa, é um país. Você é o banheiro Da bactéria. É o alimento Da bactéria. É o sustento Da bactéria. A bactéria não atende pelo nome complicado Que a gente deu. Nem sabe qual é o teu. Para a bactéria Você é só matéria bruta. Um trampo pra fazer. Um prato pra bater. E um banheiro para usar. Insídia, lasciva, Subversiva, sem coração. Não respeita sequer Uma instituição. Insubordinada, debochada, Arredia, desbussolada. Não segue uma orientação: Nem sexual, nem cardinal, Nem mesmo orientação longitudinal. É uma alcoviteira. Ela ri da propriedade privada E da revolução industrial. Não respeitou nem mesmo As partes baixas de um homem da ciência, Nem mesmo as bagas. Aí o homem, valente Foi lá, inventou o antibiótico. Suou para conseguir a patente E a bactéria o que é que fez? Ficou mais resistente. Dissimulada, ordinária, Maldiiiiiiiita! Para a bactéria O seu corpo é uma cama, é uma casa, é um país. Você é o chuveiro Da bactéria. É o cinzeiro Da Bactéria. É o dinheiro Da Bactéria. Para a bactéria. Para a bactéria. Para a bactéria.