Recebi um chasque faz algum tempo Vindo das bandas da Encruzilhada Pois lá teria uma égua tostada Solta no campo por ser aporreada E o seu dono, um rico estancieiro Pra um bom ginete dava uma invernada Se botasse as garras, subisse pra o lombo Domasse aquela potra endiabrada Eu sou ginete neste meu Rio Grande Não acredito em alma penada Saltei no lombo do meu pingo baio E fui à procura da égua afamada ♪ Cheguei na estância, era manhã cedo O dia ainda estava clareando Lá no galpão junto ao pai-de-fogo A peonada estava chimarreando Pedi licença e me apresentei E a todos eles, eu já fui saudando Tomei uns mates e logo indaguei Pelo patrão, que estava desafiando Já apresentou-se um senhor sisudo Não sou gaúcho de andar inventando Se tens coragem pra o desafio Eu trago a tostada, vai se preparando ♪ Há muito custo de toda peonada Aquela tostada se foi pra mangueira Já fui pealando e botando o buçal Me abotoando naquela tronqueira Botei a xerga e agarrei a crina E já montei no estilo da fronteira Olhei pro campo e prendi o grito Podem abrir no mais essa porteira Saltou berrando, saiu corcoveando Mas eu não ligo pra gueixa matreira Essa é mais uma como tantas outras Se eu não amanso, se vai pra graxeira ♪ No outro dia eu voltei à estância Fui esbarrando junto do galpão Boleei a perna na égua tostada Deixei a rédea caída no chão Lá da janela, uma prenda faceira A flor mais linda daquele rincão Me deu uma olhada e acenou sorrindo Flor camponesa, filha do patrão Hoje eu resido em Encruzilhada Sou capataz da Estância do Pontão Não ando mais como gato em Tapera E aquela prenda tem meu coração