Para quem gosta do meu cantar galponeiro Canto meu verso campeiro que cresceu criado guaxo Neste Rio Grande, gaúcho não é joguete O peão é bom ginete e não serve pra capacho Eu sou bagual, jamais aceito maneia Não levo a bandeira alheia nem o arreios dos outros Quando abro o peito eu falos dos aporreados Do orgulho em ser criado quebrando queixo de potros Minha cantiga tem raízes bem campeiras De uma gema caborteira da pampa meridional Trilha sonora dos fandangos e rodeios E ninguém vai botar freio neste Rio Grande bagual ♪ Minha cantiga não aceita estrangeirismo Porque essa de modismo não germina aqui no pampa Pra quem deseja dominar o continente Não nasceu a tal semente pra mudar a nossa estampa Esses inventos admiro e bato palma Mas não vou vender a alma de gaúcho campeador Não abro mão dessa herança farroupilha Me criei pelas coxilhas de bombacha e tirador Minha cantiga tem raízes bem campeiras De uma gema caborteira da pampa meridional Trilha sonora dos fandangos e rodeios E ninguém vai botar freio neste Rio Grande bagual ♪ O meu Rio Grande mora dentro da vaneira Oiga-lê, terra campeira de cultura sem igual Canto a grandeza da minha gente baguala E a cordeona quase fala, como se fosse um jogral Em cada verso tem querência no que falo Chimarrão, china e cavalo, um ranchito e liberdade Pobre do povo que renega a própria língua Se desgarra, morre à míngua e perde a sua identidade Minha cantiga tem raízes bem campeiras De uma gema caborteira da pampa meridional Trilha sonora dos fandangos e rodeios E ninguém vai botar freio neste Rio Grande bagual