Uma moça me pediu Pra que quando eu cantasse Fosse brando e procurasse Dar romantismo ao embalo Pois segundo ela, eu falo Na potrada em demasia E faço muita poesia Só exaltando o cavalo Ela só se esqueceu Que uma manhã de domingo Que foi pra o lombo de um pingo Que ela pra mim se veio Ficou babando no freio Pealada pelo desejo E o nosso primeiro beijo Foi lá em cima do arreio ♪ Pra não falar em cavalo Só se eu tivesse nascido Num pago desconhecido De pouca história e talento Se não houvesse argumento Pra cantar o meu estado E eu só andasse montado Gineteando um pé de vento Um gaúcho de a cavalo Anda mais perto do céu Entre o lombo e o chapéu O horizonte é mais largo E eu que tenho o duplo encargo De campeiro e cantador Não poso negar o valor Dos cavalos do meu pago Se a história da nossa gente A casco foi desenhada Quando a brava gauchada Numa tropilha guerreira Levou além das fronteiras Nosso orgulho nativista E o valor desta conquista Não cabe numa algibeira O Rio Grade me conhece Sou da lida e cantoria E esporeio a rebeldia De xucros e mal domados Gosto de andar bem montado Cantar as coisas que sinto Faz parte do meu instinto De não viver cabresteado Não vou mudar o meu jeito Pra não perder um namoro No amor é livre o choro E ciúme carece de espora Se a china me desafora Por causa da cavalhada Eu dou uma escaramuçada Alço a perna e vou-me embora