E assim eu saía da beira deles com a mão no bolso Saía do sítio onde eu ia sempre pa' nem 'tar lá dentro Eu não conseguia sair à noite, era muita gente Bastava chegarem algumas pessoas Apenas e só p'ra eu ficar diferente Sozinho eu não vejo nenhuma das coisas que agora descrevo Tal como a presença dessas energias que nem são minhas E assim 'tar no escuro não me intimida até me alivia Se o problema eram as sombras dos outros, ali não as via Se eu falasse, toda a gente diria que eu 'tou doente Ainda antes de eu ter acabado E como duvido que isso me ajudasse, escrevo Para quando alguém me julgar Ser com a mínima noção daquilo que eu penso Talvez até possa levar Os outros que são como eu a quebrar o silêncio Eles dizem que mais de metade da população Tem estes pensamentos Como se fosse uma anormalidade A circunstância que acontece mais vezes É só uma crise de ansiedade Vejo todas as coisas num ponto extremo Nenhuma chega a ser verdade Sou apenas eu, enganado, induzindo-me em erro Parece mais grave, sou eu que exagero O peito não contrai, sou eu que o aperto Eram coisas a mais a não bater certo Dias iguais a cismar com tudo Sozinho eu controlo, só 'tou comigo Só passa dum modo, é quando eu respiro À medida que volto pela beira rio E forço os meus olhos a não ver isto O frio congela-me a psique Não penso que quero ficar tranquilo, mas fico Falo sozinho e vejo o vapor com um formato esquisito Engulo-o para os outros não se cruzarem Com parte das nuvens daquilo que eu sinto Mas já não aguento, já não consigo 'Tou dividido entre dois ou mais Mas em nenhum deles serei eu mesmo Tenho recebido alguns sinais Ou ando a procurá-los em exagero Os meses parecem-me um dia infinito Conheço pessoas que não conheço Se não fores importante que chegue Passam uns tempos e eu já não me lembro Tenho a cabeça ocupada com tanta descarga de coisas Em forma de sombra de tantas pessoas Que apenas distingo na forma de onda Já nem tenho escolha Talvez eu te tenha evitado com muita energia! Mas se for p'ra lutar eu dou toda Por isso resta-me sempre a que tinha Eu só queria andar sem ter em conta A má vibração que eu distinguia Em todo o lugar que aqui se encontra E com tudo o resto que isso alonga E com tudo mais do que eu sentia Porque a solução não era ir contra Essa consequência eu conhecia Tinha de estar na outra ponta Seguir o que intuição dizia A energia viaja do ponto mais forte p'ro ponto mais fraco Eu só 'tou isolado, descarregá-la é humano 'Tou ligado à terra a olhar para o céu com mais intensidade A tentar alinhar-me, ou a tentar enganar-me Eu sinto que me falta fazer uma coisa importante Ou é só uma desculpa credível pa' achar Que ainda tenho um propósito grande P'ra suportar estas cargas em cima Sem saber se um dia isto pode ir cessando Assumindo que as feridas que me fazem os dias Ao longo do tempo só vão piorando Mas posso ver as coisas doutro modo Manter o foco só no que eu controlo Sem reparar em tudo, senão não olho Sem me pôr no teu lugar, senão não sobro Vou proteger-te a ti que mais não posso Não me fizeste cair, eu ainda volto E vou sair daqui contigo ao colo Só paro quando chegar ao outro ponto Inspira, expira Inspira, expira Inspira, expira Inspira, expira Inspira, expira Inspira, expira Inspira, expira Inspira, expira Inspira, expira Inspira, expira Inspira, expira Inspira, expira