Sou gaúcho da raça campeira Onde a força do braço vigora Fui criado domando em mangueira Conto a vida nos dentes da espora Quando a lida do dia termina Lavo as crinas e vou mundo afora Sob a luz da estrela boieira Lá pro povo no más eu me espicho Sigo o rumo do meu pensamento Que espera amarrar um cambicho Quebro o queixo do meu coração No balcão do primeiro bolicho Quebro o queixo do meu coração No balcão do primeiro bolicho Para ouvir um gaiteiro tocar Cruzo matas, canhadas e rio Sinto a alma bailar num espaço No compasso do velho bugio ♪ Se algum de toque de gaita me chama Dou de rédea no meu pangaré Me ouriço que nem ganso novo E me atiço pra ver onde é Sinto as tripas roncarem faceiras E coceira na sola do pé Se for baile me achego de vez Por fandango não sinto fastio Vou entrando, saudando o gaiteiro Negaceando onde está o mulherio Dou de mão na primeira pinguancha E abro cancha marcando o bugio Dou de mão na primeira pinguancha E abro cancha marcando o bugio Para ouvir um gaiteiro tocar Cruzo matas, canhadas e rio Sinto a alma bailar num espaço No compasso do velho bugio ♪ Nesta vida de lida e romance China alguma me bota retovo Quando a barra do dia floresce Eu regresso pra domar de novo Floreando no meu assobio O bugio que ficou lá no povo Volto a trote pra lida campeira De chapéu tapeadito na testa O perfume da china no pala É recuerdo que ainda me resta Que me importa voltar sem os trocos? Pois sou louco por bailes e festas Que me importa voltar sem os trocos? Pois sou louco por bailes e festas Para ouvir um gaiteiro tocar Cruzo matas, canhadas e rio Sinto a alma bailar num espaço No compasso do velho bugio