Sonolento fim de tarde De um retalho de verão Cascos que vieram de longe Martelando sobre o chão Pés descalços na poeira Marcas de calo na mão Lábios que juntam sem pressa Fragmentos da canção Vai carreta, vai rodando vai Que o tempo é patrão Em cada roda que gira Corta tiras deste chão Vai boiada, vai Que há bocas que choram Com fome de grão E da terra que o boi amassa Vem a massa do meu pão E da terra que o boi amassa Vem a massa do meu pão ♪ A noite vem a saudade Se chegar branda e faceira Cantando frases perdidas Da toada carreteira As mãos num gesto de fada Torcendo vestes caseiras Penduram trapos de sonhos Nos arames da porteira Vai carreta, vai rodando vai Que o tempo é patrão Em cada roda que gira Corta tiras deste chão Vai boiada, vai Que há bocas que choram Com fome de grão E da terra que o boi amassa Vem a massa do meu pão E da terra que o boi amassa Vem a massa do meu pão ♪ Ainda, a última brasa Teima em ficar acordada Queimando um resto de vida Na fogueira já cansada Lá se vai o carreteiro Deixando atrás a toada Escrita em letras de poeira Pelos cascos da boiada Vai, carreta vai, rodando vai Que o tempo é patrão Em cada roda que gira Corta tiras deste chão Vai, boiada vai Que há bocas que choram Com fome de grão E da terra que o boi amassa Vem a massa do meu pão E da terra que o boi amassa Vem a massa do meu pão Vai, vai...