Sei da solidão as cores todas O cacimbo embaciado É o meu melhor aliado Um corpo do hemisfério sul Profundamente azul Conto os passos Marcados no chão E desço a poeira da Maianga Me perco pelas ruas de Luanda Pra ser sozinha, eu sei, melhor aqui Sei que a multidão não somos todos O verão insatisfeito Se condensa no meu peito Vou pela estrada nacional Em direcção ao sul Tanto espaço Tanta imensidão E é sempre no areal de Cabo Ledo Atlântica vitória do sossego Que o medo mostra-se no luxo que é Sei que a ilusão é companheira Mas no intervalo da novela Vem a vida e te atropela E é quando tudo fica mais real Na quarta-feira, após o Carnaval Que eu vejo em cada olhar de vidro uma nação E é sempre no areal de Cabo Ledo...