Na água gelada do teu rio O batismo que inicia O meu outono em tom febril É amarelo Molha as minhas folhas e leva Vela, ofélia, por mim Milagres ou quimeras Ora, ora por mim Nas águas passadas do teu rio É tanto banho de água fria Como de praxe Pela terceira vez num mês Vai chover, chover, chover Pra amadurecer, amor (Primavera) Num passado Tempos idos Eu calado, constrangido, enfim Pude crer, minha vez está Finalmente aqui Que aurora tão minguada Constituição mirrada Florescende tênue e sacra A tenra mocidade Eu, receoso juvenil, O meu peito treme e arqueja E você sem dó, Teu vestido leve Despeja Um frêmito encarnado E eriça o meu pudor Ofegante face a face Tão efêmero mal nasce e já esvai Minha senhora Nas altura puras plenas Sua alteza serena Você vai me deixar essa noite Um ramo invisível de alívio e dor Mil calafrios vão da candura ao rubor Tudo é tão triste tão belo tão revelador