Como é legal Passar o resto de nossas vidas Penando nessa bendita Colônia penal Como é legal Esconder navalha no rabo Comer como vira-lata E apanhar mais que cavalo Como é legal A dieta com lacraias Baratas e sapos E se sortudo, algum rato Como é legal Banho de sol com chicotadas Nadar com tubarões Nessa ilha abençoada Tendo como boias apenas grilhões E profundas mágoas Tatuado à flor da pele a indiferença e o berro de feridas inflamadas Carregando toras no lombo Cadavéres sobre o seu ombro Contendo as púpilas em brasa Enterrando amigos em covas rasas So nós resta contemplar A borboleta azul Coloridindo o fim de tardes amargas Já não sei mais quem somos Nesta solitária Pena que não somos lagarta Nunca teremos casulo Mas sonhamos com o dia Em que teremos asas