Eu vou zarpar Pular no primeiro trem que vá Pra bem longe Dos olhos da multinacional Na bagagem Todas as lembranças de nós dois Peixes e anzóis Nem todos nós Queremos morder Essa minhoca Toda torta Isca velha de apodrecer Nossas cabeças Mas se ela Também for querer me acompanhar Vou procurar Mais uma passagem no cometa Dê um pontapé Bem no traseiro do seu patrão Vá me encontrar Na estação Ao meio dia de São João De mala e cuia E quando o dia enfim chegar Nós vamos viver numa boa no meio do mato Numa casa em Corumbá Na topografia do Pantanal do Mato Grosso Mas se a vida não começar Vamos continuar na mesma mas dessa vez outra E se o sol não for clarear Vai chover em cima da horta do nosso quintal Então quem sabe vamos mudar Para um lugar mais tranquilo e que não seja frio Uma casinha no interior Onde a vida é bela e o tempo passa devagar No Uruguai, em qualquer lugar Ou quem sabe até numa ilha no meio do mar