O sol não tem o efeito que essa lua tem
Você não sabe a angústia que essa rua traz
Você não sabe como verbaliza e atrai
Você não sabe como o silêncio faz bem
Paga quanto pra fingir que tá tudo bem?
Nesse bairro, esses garotos fazem coisas que são humanamente
Impossíveis, inconsequentes
Tua vida é frágil como a lupa mais falsificada da Marcílio Dias
Já sonhei com muita coisa, mas agora quero ouro no sol de meio dia
Meio dia, VX, Gold Finger
A paciência tá fina, tipo a canela de um flamingo
Juro, tô me familiarizando com esse novo estilo
Novo método pro mesmo destino
Sabe como é né? Não foi à toa minha mãe me batizar de Victor (não)
Faço grana em São Paulo, depois gasto tudo lá em Tepequém
Minha atitude é meu sinal de gang
Tira o olho do meu ganho, você não é participante disso
Sei muito bem onde aplico isso
A grana do rap vai ser uma milha de vezes meu antigo salário líquido
Só por isso, meio dia
Quero ouro no sol de meio dia, meio dia, meio dia
Meio dia, meio dia, meio dia, meio dia
Quero ouro no sol
Tô pouco me fodendo, não preciso de você pra conquistar o mínimo
Preferem ouvir esses jovens mimados se afirmando isso ou aquilo
Palavra erro do meu vocabulário vai virar um caso atípico ou um artigo de luxo
Uau, ah, cuidado, todo movimento dessa vida sempre vai ter um repuxo
Às vezes esdrúxulo tipo João cochilo mas não durmo
Tenho ciência do bonde que eu puxo
Rap é muito do que seguidores no teu Insta
Ore por nós, por favor, não sinta inveja da minha conquista (não)
Tarja Preta pra me apagar, passou do tempo de usar sativa
Só durmo quando eu vejo a luz do sol, a noite tem sido muito cansativa
Olho o relógio, o tempo para, o frio na barriga me incentiva
Não consigo realizar meus sonhos, culpa da insônia, mente imperativa
E sempre que eu escrevo, bate paranoia, tipo Kurt é foda ou tipo paranoia
Absorvo energia tipo para-raio, por isso tupã não é só brisa de nóia
Quero hit, quero briga, outros querem o sustento da filha
Fazer musica só por amor? Isso não é sexo, não enche a barriga
A carteira, a alma, vivemos dentro de uma câmera
Os verso é rua, mas também é classe igual pintura na cerâmica
Eu sonho em morar na selva de concreto, tenho o orgulho de nascer da mata
As letras são chá de revelação, então intitule de Ayahuasca
E nessa cena vou mitando, por isso dizem que eu tô um nojo
Magrelo pela bulimia, há quem diga que eu vomito flow
Já critiquei muito artista, hoje eu só peço desculpa
Pois eu notei que a culpa é do público que tá fazendo essa cena de
Falta ar no pulmão, taca fogo e vende a nossa floresta
Foram anos de ascensão jogados na vala, tipo, mano, vocês não presta
A arte é o oxigênio dos artistas, tire e você verá vários morrer
Pra outros remédio antidepressivo, tire e verá vários enlouquecer
O solo tem o sangue dos meus ancestrais
A gente sente a angústia que essa rua tem
Nessas esquinas, cash confesso que atrai
Aqui a gente aprende o silêncio faz bem
Ó, hoje eu fiz nada, eu só existi
Já fazem uns meses que tem sido assim
O dia começa e eu já desisti
Não basta ter talento pra tá aqui
Não basta só dinheiro pra tá aqui
Não basta só ser preto pra tá aqui
Mas junte esses três, é o nosso lugar
E eu faço de tudo pra gente tá aqui