Só o lixo que nos resta, o desperdício, muitos vícios
Meus amigos estão perdidos, calafrios em presídios, vivem só
Numa cela cheia ou na ilusão do pó
Crianças corrompidas, mais um adulto sem voz
Nossa quebrada é esquecida, mas sempre vamo lembrar
Ninguém descobriu porra nenhuma, o que fizeram é transformar
Meninos em bandidos, meninas em produtos
Paraíso em submundo e só um Deus pra acreditar
Na correria, confusão de pensamento, paro e vejo
Me permito refletir com tantos mártires e heróis
Todo seu progresso, por que ainda tamo aqui?
Pagando com a pele, só roendo osso
Banho de esgoto, a água com gosto
Liberam o drink, proíbem o boldo
Menores trancados, os grandes tão soltos
Me deram Cabral, segui o Chorão
Bill, Brown, Sabota, Bnegão
Me deram a mão quando eu caí no chão
Foi revolução no meu coração
Minha religião, nossa formação
Muita informação contra a segregação
Contra o circo e o pão, contra corpos no chão
Tirando do caixão gênios em ascensão
Seguimos o baile em constante movimento
Força, fé, foco, sempre no veneno
Nosso sentimento, energia do fogo
Potência da água, liberdade do vento
Sem perder tempo, estamos atentos
Precisamos de estudantes, não de novos detentos
Pra virar essa mesa, acabar com essa classe de...
Racistas, machistas, nojentos
Mais uma mãe que chora
Sem perguntas, arbitrário, regime autoritário
Ainda como os nossos pais
Igual Elis cantou lá atrás
♪
Ela chora sem parar
Perde o sono pra esperar, esperança que não há
Haja estômago pra aguentar, segura o coração
Tum-tum, tum-tum, tum-tum
Ela quer sair e voar
Experimentar o que o mundo tem pra dar
Pra ela
Mas aquela bala não deixou
Só o lixo que nos resta, o desperdício, muitos vícios
Meus amigos estão perdidos, calafrios em presídios, vivem só
Numa cela cheia ou na ilusão do pó
Crianças corrompidas, mais um adulto sem voz
Nossa quebrada é esquecida, mas sempre vamo lembrar
Ninguém descobriu porra nenhuma, o que fizeram é transformar
Meninos em bandidos, meninas em produtos
Paraíso em submundo e só um Deus pra acreditar
Mais uma mãe que chora
Outra vida inocente vai embora
Sangue derramado no chão
Parente perguntando: e agora?
Ah, esse mundo tá bom de acabar
Tá faltando justiça
Tá se movimentando, e não sai do lugar
Tipo enchendo linguiça
São parasitas (yes), são elitistas (são)
Nos fazem de lixo (só) com suas conquistas
Tentam impor suas regras, suas leis
Em tempos de campanha, pedem voto outra vez
Estendem a mão branca como se fosse amiga
Com o poder de uma caneta puxam o gatilho, fuck a nigga
Cancelaram a vida do cara, depois foram lá pra ver quem é
Só quem tava presente na hora viu aquela mãe perdendo a fé
Fé
Fé em nóis diante dos fatos
E que a nossa articulação estraçalhe os ratos
De um jeito que possam sentir na pele a nossa garra
Rasgante e penetrante como um riff de guitarra
Mais uma mãe que chora
Sem perguntas, arbitrário, regime autoritário
Ainda como os nossos pais
Igual Elis cantou lá atrás
Mais uma mãe que chora
Sem perguntas, arbitrário, regime autoritário
Ainda como os nossos pais
Igual Elis cantou lá atrás