Era uma vez um velho pescador
Que vivia cantando a sua cantiga de fé
Viva a Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer ninguém nada faz
Viva a Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer ninguém nada faz
Mesmo quando a sua pesca não era boa
Ele cantava sem perder sua alegria
Viva a Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer ninguém nada faz
Viva a Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer ninguém nada faz
Mas o rei daquele lugar
Era um rei muito poderoso, muito orgulhoso
E só porque tinha muitas terras, muito dinheiro
Achava que tinha mais poder até do que o próprio Deus
Não gostava quando o pescador cantava a sua música
Um dia, chamou o pescador a sua presença e disse
Olhe aqui, pescador
Eu não quero mais que você cante esta música
Viva a Deus e ninguém mais
Eu vou lhe mostrar
Que eu tenho mais poder do que a sua fé
Do que o próprio Deus
Eu vou lhe dar um desafio
Aqui está o meu anel real
Durante 15 dias você vai ficar com o meu anel
Se me devolver no décimo quinto dia
Vai ganhar um tesouro
E não vai precisar mais trabalhar pelo resto de sua vida
Porém, se esse anel não aparecer no décimo quinto dia
Eu vou mandar cortar a sua cabeça
Na frente de todo mundo
Agora vai embora, pescador, e pare de cantar esta música
O pescador foi embora
Quando chegou em casa, entregou o anel à mulher
Que prometeu guardá-lo a sete chaves
Deixe estar que isso era um plano do malvado rei
Que logo mandou um criado disfarçado de mercador
Bater na casa do pescador
Quando este já havia saído pra pescar
Ô de casa!
A mulher abriu a porta
Sou mercador, vendo e compro anéis
A senhora não tem aí perdido pelas gavetas
Um anelzinho não, hein? Eu pago bem
E mostrou um tantão assim de dinheiro
A velha respondeu: Ih, moço, aqui não tem anel, não
Aqui é casa de pobre
Sai pra lá com essa tentação de dinheiro aí
Que aqui não tem anel, não
Mas ele insistiu, mostrou tanto dinheiro
Que a velha vendeu o anel
Quando o pescador chegou em casa ficou desesperado
Ô, mulher, você não vendeu o anel, não
Você vendeu foi a minha cabeça
E agora, mulher?
Vamo procurar o moço, como é que era esse moço?
Eu tenho que devolver o anel pro rei
E procuraram na floresta, no bosque, na praia, na aldeia
E encontraram aquele rapaz? Claro que não!
A essa altura ele já estava lá no castelo ao lado do rei
E o rei mandou que ele jogasse o anel no fundo do mar
Para que nunca mais ninguém pudesse encontrá-lo
E o tempo foi passando
Décimo dia, o pescador cantava e procurava o anel
Viva a Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer ninguém nada faz
Viva a Deus e ninguém mais (décimo primeiro dia)
Quando Deus não quer ninguém nada faz
(Décimo segundo dia)
Viva a Deus e ninguém mais (décimo terceiro dia)
Quando Deus não quer ninguém nada faz
(Décimo quarto dia)
O pescador então chamou sua mulher e disse
Mulher, amanhã a minha cabeça vai rolar
Vamos nos despedir com uma ultima refeição
Farei uma boa pescaria
E lá se foi o pescador tristemente
Cantando sem parar sua cantiga
Pescou 50 peixes, 49 ele vendeu no mercadinho
E um ele levou pra mulher preparar
Ela caprichou no tempero e fez no fogão de lenha
Aquela que seria sua última refeição ao lado do marido
Mastiga dali, chora de cá, pensa de lá, ai, que tristeza
De repente, o pescador se engasgou
Com um pedaço branco da barriga do peixe
Ah, mulher, quê que isso aqui?
Era o anel que estava na barriga desse único peixe
Que ele levou pra casa
Eu não disse, mulher?
Eu não disse que Deus pode mais que todo mundo?
Viva a Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer ninguém nada faz
Viva a Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer ninguém nada faz
O pescador limpou o anel, saiu correndo
Subiu as escadas de tapete vermelho do palácio
Faltavam dois minutos para o décimo quinto dia nascer
E o rei já estava lá todo imponente
E então, pescador, pronto para morrer?
Onde está o meu anel? Ha-ha-ha
E o pescador, vitorioso
Está aqui, meu rei
O rei abriu a boca
Ficou boquiaberto, não entendeu nada
Teve de entregar um grande tesouro para o pescador
E até o rei terminou cantando lá na torre do castelo
Viva a Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer ninguém nada faz
Viva a Deus e ninguém mais
Quando Deus não quer ninguém nada faz