Ninguém te vê Na multidão É como estar só Sem ter pra quê Na solidão De quem está sólido Ninguém é descampado a céu aberto Nem tão ao longe, nem tão de perto Navalha cega em mim ♪ Na ampulheta do seu pensamento O tempo foge um pouco a cada dia E a máquina tritura todo o sentimento Na fila única da loteria ♪ Sem vértebra a dobrar Sem ar pra respirar Sem nem sequer pisar no chão ♪ Centro de si, ninguém é um Ninguém é vão Ninguém é casarão vazio Ninguém é mar Talvez um rio que não parece ter fim ♪ Nas avenidas feitas de cimento Na calha torta aonde a vida escorre No exato instante do seu nascimento Que é igual a hora em que se morre ♪ Se o tempo que faltar bem nessa hora For mesmo aquele do engarrafamento De que adianta a vida que há lá fora Se há tantas grades nesse apartamento ♪ Centro de si, ninguém é um Ninguém é vão Ninguém é casarão vazio Ninguém é mar Talvez um rio que não parece ter fim