No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma Era preto retinto e filho do medo da noite No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma Era preto retinto e filho do medo da noite Houve um momento em que o silêncio foi tão grande Escutando o murmurejo do Uraricoera Que a índia tapanhumas pariu uma criança feia Macunaíma já na meninice fez coisas de sarapantar De primeiro passou mais de seis anos não falando, não, não, não E si o incitavam a falar exclamava: Ai! Que preguiça! E não dizia mais nada Ficava no canto da maloca, trepado no jirau de paxiúba Espiando o trabalho dos outros e principalmente os dois manos que tinha Maanapê, velhinho e Jiguê, na força de homem E o divertimento dele era decepar cabeça de saúva Pouca saúde, muita saúva, os males do Brasil são Vivia deitado mas si punha os olhos em dinheiro Macunaíma dandava pra ganhar vintém Acuti pita canhém No mucambo si alguma cunhatã Se aproximava dele pra fazer festinha Macunaíma punha a mão nas graças dela, cunhatã se afastava Nos machos cuspia na cara Porém respeitava os velhos E freqüentava com aplicação A murua a poracê o toré o bacorocô a cucuicogue Todas essas danças religiosas da tribo A murua a poracê o toré o bacorocô a cucuicogue Todas essas danças religiosas da tribo No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma Era preto retinto e filho do medo da noite No fundo do mato-virgem nasceu Macunaíma Era preto retinto e filho do medo da noite