Renasci foi das cinzas das guerreiras Pela mesma missão que me desfez Vê meu corpo no chão mais uma vez Reforçando o poder da terra santa Pois quem queima em seu solo depois planta Dá lugar pra raiz vingar sua fruta Que a floresta e a mata 'tão na luta Se curando na voz da benzedeira Minhas vestes é mulamba, e as feiticeira São as mesmas que hoje chamam puta ♪ Ontem desci no ponto ao meio-dia Contramão me parecia Na cabeça a mesma reza Deus, que não seja hoje o meu dia Faço a prece e o passo aperta Meu corpo é minha pressa Ouviu-se um grito agudo engolido no centro da cidade E na periferia? Quantas? Quem? O sangue derramado e o corpo no chão Guria Por ser só mais uma guria Quando a noite virar dia Nem vai dar manchete (nem vai dar manchete) Amanhã a covardia vai ser só mais uma Que mede, mete, e insulta Vai, filho da puta! ♪ Painho quis de janta eu Tirou meus trapos, e ali mesmo me comeu De novo a pátria puta me traiu E eu que sirvo de cadela no cio (no cio) De cadela no cio, no cio, no cio E eu corro (eu corro) Pra onde eu não sei (pra onde eu não sei) Socorro (socorro) Sou eu dessa vez (sou eu dessa vez) Eu corro (eu corro) Pra onde eu não sei (pra onde eu não sei) Socorro (socorro) Sou eu dessa vez (sou eu dessa vez) Hoje me peguei fugindo E era breu, e o sol tinindo Lá vai a marionete Nada que hoje dê manchete E ainda se escuta A roupa era curta, ela merecia O batom vermelho, porte de vadia Provoca o decote, fere fundo o forte Morte lenta ao ventre forte ♪ Eu às vezes mudo o meu caminho Quando eu vejo que um homem vem em minha direção Não sei se vem de rosa ou espinho Se é um tapa ou carinho O bendito ou agressão E se mudasse esse ponto de vista E o falho fosse a vítima O que o povo ia falar? Trocando, assim, o foco da história Tirando do homem a glória De mandar nesse lugar Socorro, tô num mato sem cachorro Ou eu mato ou eu morro E ninguém vai me julgar E foda-se se me rasgar a roupa Te arranco o pau com a boca E ainda dou pra tu chupar Pra ver como é severo o teu veneno Eu faço do mundo pequeno E Deus permita me vingar E Deus permita me vingar E Deus permita E eu corro (e eu corro) Pra onde eu não sei (pra onde eu não sei) Socorro (socorro) Sou eu dessa vez (sou eu dessa vez) E eu corro (e eu corro) Pra onde eu não sei (pra onde eu não sei) Socorro (socorro) Sou dessa vez (sou eu dessa vez) Morreu na contramão atrapalhando o sábado (Socorro) Agonizou no meio do passeio público Morreu na contramão como se fosse máquina (Socorro) Seus olhos embotados de cimento e tráfego Amou daquela vez como se fosse a última Amou daquela vez como se fosse máquina