O que se espera de uma nação
Que o herói é a televisão
Que passa todos os seus meses mal
Melhora tudo no Natal
Até presente dá pra dar
Só não se sabe o que vai receber
Pano de prato ou dedal
Escolha o mais caro que eu quero ver
Mucama na cama do patrão
Me chama, me chama de negão
Paga salário de pão
Mas come (mas come) o que a população não come
Não come, não come, não come
♪
O que se espera de uma nação
Que o herói é a televisão
Que passa todos os seus meses mal
Melhora tudo no Carnaval
Dá pra brincar, dá pra comemorar
Só não se sabe muito bem porquê
Entrou de cara na realidade
Na quarta feira que eu quero ver
Na quarta feira é a volta pra realidade que arde
Acaba a comemoração, apaga a televisão pra não gastar a eletricidade
Como na Cinderela, carruagem volta a ser abóbora
E na favela o carro alegórico some
E volta às sobras: sobra de feira, sobre de terra, sobra de chão
Sobre de lama, sobra de bala perdida, sobra de comida
Pra mucama, mucama que nada exclama, que não reclama, que não se inflama
Se acalma vendo novela, pois na tela todo mundo ama
Todo mundo mas na vida real todo mundo se odeia
E ódio gera ódio, um sobe no pódio, outro serve a ceia
Ceia no natal, tem Xuxa no carnaval
Mucama deitada na cama beijinho beijinho bau-bau, tchau!
Eu só vou te usar, você não é nada pra mim
Já temos outra pra botar no seu lugar - pirlimpimpim!
Abracadabra, é como mágica, mas não é abra-te Sésamo
Porque aqui as portas só se fecham
Bum! É menos uma oportunidade
Não é só a quarta feira que é de cinzas, na verdade é a semana inteira
Quinta, sexta, sábado e domingo e segunda
E o povo mucama continua sorrindo levando nas coxas, levando na bunda
Mas não faz mal, porque depois melhora tudo, no Carnaval
Mucama na cama do patrão
Me chama, me chama de negão
Paga salário de bufão
Mas come (mas come) o que a população não come
Não come, não come, não come
Não come, não come, não come
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