O lugar que eu nasci, de tão feio, dava medo A nossa casa ficava debaixo de um arvoredo Papai, pra ganhar o pão, ia pra roça mais cedo Vou contar o que eu me lembrei Com seis anos, eu ganhei O meu primeiro brinquedo O meu pai trouxe da venda um caixote de sabão Colocou quatro rodinhas de madeira feito a mão Fez um volante de arco imitando a direção Ficou bonito o carrinho Fiquei falando sozinho Com aquele presentão Eu soltava ele lá em cima onde a estrada terminava E pelos trilhos do pasto, meu carro desimbestava E eu vinha pilotando, às vezes me atrapalhava Desterçando do caminho O danado do carrinho Um outro rumo tomava ♪ Um presente mais bonito por que é que eu não ganhava Essa história de mamãe que pra mim sempre falava Que nas estradas de terra, Papai Noel não passava ♪ Mas esse carrinho simples que papai fez de madeira No trilho da minha vida, vai rodar a vida inteira Se a gente não for piloto, vai rolar na ribanceira Porque o carrinho da vida É feito de dor doída E não é de brincadeira