Rio Grande, berro de touro Quatro patas de cavalo Quem não viveu este tempo Vive esse tempo a cantá-lo E eu canto porque me agrada Neste meu timbre de galo ♪ É verdade que alguns dizem Que os tempos de hoje são outros Que o campo é quase a cidade E os chiripás estão rotos Que as esporas silenciaram Na carne morta dos potros ♪ Cada um diz o que pensa Isso aprendi de infância Mas nunca esqueça o herege Que as cidades de importância Se ergueram nos alicerces Dos fortins e das estâncias ♪ Não esqueça, de outra parte Para honrar a descendência Que tudo aquilo que muda Muda só nas aparências E até num bronze de praça Vive a raiz da querência ♪ Eu nasci no tempo errado Ou andei muito depressa Dei ó de casa em tapera Fiquei devendo promessa Mas se pudesse eu voltava Pra onde o Rio Grande começa ♪ E se me chamam de grosso Nem me bate a passarinha A argila do mundo novo não Tem a mescla da minha Sovada a cascos de touro Com águas de carquejinha ♪ Rio Grande, berro de touro Quatro patas de cavalo Quem não viveu esse tempo Vive esse tempo ao cantá-lo E eu canto porque me agrada Neste meu timbre de galo