Era uma vez, um cidadão Que alimentava a ilusão De ser um dia um astro de televisão Cantava samba, tango, rock Xote, blues, até baião Só que nunca conseguia entrar no tom Disse aos amigos que iria Ao programa do Chacrinha E cantaria um sucesso do Cauby Mas cantou tão desafinado Que foi logo buzinado E premiado com troféu abacaxi Ele, o guerreiro fez: pi-pi Voltou pra casa se sentindo um fracassado Nem no banheiro ele queria mais cantar Mas de repente, alguém bateu à sua porta Com uma proposta e foi pedindo para entrar Era um sujeito esquisito com chifrinho de cabrito Que espalhava odor de enxofre pelo ar Disse que era um empresário infernal E etc, e coisa e tal, e que podia lhe ajudar Eita empresário picareta Credo em cruz, é o capeta! Só sei dizer que esse elemento Entregou-lhe um documento Era um contrato que ele tinha que assinar Ele assinou todo empolgado E num instante foi levado 'Prum estúdio onde ele tinha que gravar Foi na Ariola, CBS, Odeon, RCA, sei lá Mas o contrato era do tipo mafioso Com muitos itens que ele tinha que cumprir Só que ele estava um tanto quanto ansioso E qualquer coisa ele faria pra subir Começou logo a dizer que era baiano Que era amigo de Caetano De Bethânia, Gal e Gil Nadou pelado em Ipanema E declarou-se sem problema Ser o gay mais assumido do Brasil Hoje ele é um grande estouro Ganha até disco de ouro E já gravou especial para a TV Hoje ele é um milionário Graças à aquele empresário Que lhe deu a grande chance de vencer Pra você ver que nessa Terra Quem quiser ser algo mais Tem que vender a sua alma Pro amigo Satanás Mas se correr o bicho pega Se ficar o bicho come Vou me pirar, que eu não tô nessa Minha mãe, eu sou é homi'!