Em vésperas de caldeirada, no outro dia Já que o peixe estava todo reunido Teve o goraz a ideia de falar à assembleia No que foi muito aplaudido Camaradas, principia: a ordem do dia É tudo aquilo que for poluição Porque o homem, que é um tipo cabeçudo Resolveu destruir tudo, pois então E com tal habilidade e intensidade Nas fulgoranças do génio Que transforma a água pura numa espécie de mistura Que nem tem oxigénio ♪ E diz ele que é o rei da criação As coisas que a gente lhe ouve e tem que ser Mas na minha opinião, diz o pargo capatão Gostava de lhe dizer Pois se a gente até se afoga, grita a boga Por o homem ter estragado o ambiente Dar cabo da criação, esse pimpão Isso não é decente Diz do seu lugar: 'Tá mal, o carapau Porque por estes caminhos Certo, vamos mais ou menos, ficando todos pequenos Assim como jaquinzinhos ♪ Diz então o camarão, a certa altura Mas o que é que nós ganhamos por falar? Ó seu grande camarão, pergunta então o cação Você nem quer filar? Se quer morrer, diz a lula toda fula Com a mania da cerveja e dos cafézes Morra lá à sua vontade, que assim seja Para agradar aos fregueses Diz a essa altura a sardinha p'rá taínha Sabe a última do dia? A pescadinha, já louca, meteu o rabo na boca O que é uma porcaria ♪ Peço a palavra, gritou o caranguejo Eu, que tenho por mania observar Tenho estudado a questão e vejo a poluição Dia e noite a aumentar Cai do céu a água pura, e a criatura Pensa que aquilo que é dele é monopólio Vai a gente beber dela e a goela Fica cheia de petróleo A terra e o mar são, para o cidadão Assim como o seu palácio Se um dia lhe deito o dente Parto tudo de repente ou eu não seja crustáceo ♪ É um tipo irresponsável, grita o sável O homem que tal aquele Vai a proposta prá mesa: ou respeita a natureza Ou vamos todos a ele Vai a proposta p'rá mesa: ou respeita a natureza Ou vamos todos a ele Vai a proposta p'rá mesa: ou respeita a natureza Ou vamos todos a ele