Léguas, continente de águas abertas Vastidão inundada que cerca Mas não espanta esse velho ribeiro Canoeiro, pescador, proeiro Tarrafa, malhadeira, zagaia, espinhel Caniço e no frio aguardente pra aquecer E somente o céu pra prosear, eu e você Cada curva de rio eu conheço Cada igarapé não esqueço Furos e lagos, atalhos perdidos Estirões, alagados Sinistros igapós, aí eu levo meu terço Me proteja, São Pedro Na lida eu e minha parceira Cabocla camaroeira Minha senhora, vamos embora Que os nossos meninos de longe O sorriso, a canoa tá cheia Sou ribeirinho! Quando a cheia tá brava eu faço maromba Levanto minha casa Palafita se assusta com tanta água Sou ribeirinho! E quando a estiagem castiga Eu caminho praiões Fico me perguntando Cadê aquele tanto de água? Chapéu de palha protege o Sol escaldante Sei onde tem cobra grande Converso com boto, Yara, mãe d'água No mês de junho amarro a minha canoa E do lado minha cabocla, vestidos de azul Pra brincar boi bumbá Sou ribeirinho! Sou do Boi Caprichoso O boi mais formoso que tem neste lugar Caboclo das águas, canoeiro, remador Pescador, proeiro das águas, senhor Da Amazônia na vazante e na cheia Ribeirinho eu sou!