Se a dona se banhou Eu não estava lá Por Deus nosso senhor Eu não olhei sinhá Estava lá na roça Sou de olhar ninguém Não tenho mais cobiça Nem enxergo bem Que me por no tronco Pra que me aleijar Eu juro a vosmecê Que nunca vi sinhá Por que me faz tão mal Com olhos tão azuis Me benzo com o sinal Da santa cruz ♪ Eu só cheguei no açude Atrás da sabiá Olhava o arvoredo Eu não olhei sinhá Se a dona se despiu Eu já andava além Estava na moenda Estava pra Xerém Porque talhar meu corpo Eu não olhei sinhá Para que que vosmecê Meus oio vai furar Eu choro em Iorubá Mas oro por Jesus Pra que que vassuncê Me tira a luz E assim vai se encerrar O conto de um cantor Com voz do pelourinho E ares de senhor Cantor atormentado Herdeiro sarará Do nome e do renome De um feroz senhor de engenho E das mandingas de um escravo Que no engenho enfeitiçou sinhá ♪ Pra que me por no tronco Pra que me aleijar Eu juro a vosmecê Que nunca vi sinhá Por que me faz tão mal Com olhos tão azuis Me benzo com o sinal Da santa cruz