Zé Limeira, meu poeta De lamber boca de tacho Com a força do repente Jogou a luz do seu facho No primeiro bombardeio Quebrou na ponta, nomeio Foi o rei do esculacho Pense num sujeito macho Come vidro, cospe bala Corta dedo, mão e unha Com farofa não s'entala Amola faca na testa Não gostou, acaba festa Mesmo morto não se cala Quem é de viola sabe O caminho do repente Quando escorrega, levanta Depois voa novamente Bota de cinco na vala No vergel da cantoria Sua palavra é foice Para quem lhe desafia Não sente medo da morte É um cantador de porte Sem errar na pontaria Com muita categoria Vai onde num vai ninguém Se tem briga de viola Pode chamar que'le vem É respeitado em bordel Um colar de cascavel No pescoço ele tem Quem é de viola sabe O caminho do repente Quando escorrega, levanta Depois voa novamente Se casou com um harém Satisfez o coração Mata jumento de susto Come abelha com ferrão É um sábio poliglota Joga na cara e arrota O verbo da criação Tem o canto de azulão Magias, encruzilhadas Rimas de ouro dezoito Nas gírias envenenadas É mais valente que touro Possui o diabo nos couro Com as ventas enfezadas Quem é de viola sabe O caminho do repente Quando escorrega, levanta Depois voa novamente