Fica claro com o tempo O retrato de um país inteiro Quando os frutos de uma terra fértil São moedas em um tabuleiro Se tem as verdes chega primeiro Entre corpos em devaneio Os olhos grudam nos ponteiros Enquanto a vida passa sem roteiro Nesse teatro cada um no seu cadafalso Sorrindo envolto no laço Enquanto a vida caminhar sozinha Sem roteiro o dia pega o bonde rotineiro E nego tem que ficar ligeiro no vagão Um olhar na saída e outro no companheiro Dinheiro aqui é Deus e também é cativeiro Mentiras à la carte sacia sua dor Os olhos grudam nos ponteiros Enquanto a vida passa sem roteiro Respirar Todo dia a gente corre sem parar Mas foge de que? Segue pra onde? E a parcela de tempo que se tinha agora é ainda menor Pés superando o cansaço Os olhos fixos nos ponteiros O coração vai apertando até ser alagado pela angustia Que vai se transformando em manchas De lastimas que não secarão Enquanto a gente não parar pra respirar Enquanto a gente não parar pra se enxergar