Quem nasceu no desafeto Hoje chora no escuro Não falar do que se sente É construir um muro Bebo da mágoa como água Por fora escorre Me afogo em dores antigas Hey! Quem me socorre? Minha mãe sangrou e eu tão pequena Desejando a morte Perdoa-me é que as vezes Eu não sou tão forte A carne mais barata Carne dura, carne preta Foi nossa pele escura Minh'armadura em frente as treta Em pranto e desespero Orando de joelho Abri o olho, enxerguei Deus Quando me olhei no espelho Sei contar das noites em alerta Vigiando o quarto Me perguntando se a minha mãe Cê não tinha matado? Falei que "amor não é perdão" Pra alguns é desculpa Sobreviver no inferno Como se fosse minha culpa Não sabe do que eu vivo Não fale o que não sabe Senti aos 12 com que aos 20 Irmão, tu ainda não sabe Eu vou fazer a denúncia pra quem? Hei Se a polícia, nos mata também? Aham 190 é o número de espera da tua morte Jogam roleta russa, se nós vive, então é sorte Te empurrou mais uma vez? Vai te empurrar de novo Te bateu mais uma vez? Vai te bater de novo Não foi a escada, foi tua mão covarde Mentiras que não cicatrizam, ódio no peito arde! Cê ia ficar assustado Com as coisas que eu já vivi E ainda me diz que a vida é fácil Tá difícil, fi Rezei o pai nosso Pra não passar fome "Ninguém atende" É que de pai ele só tinha o nome Pra quem num entende A solidão que é não ser amado Acha que é prazer pros pivete Andar com a morte ao lado Somos gigante diante deles No final, é normal Pra quem sempre fez O Everest parecer degrau!