Querência, rincão querido do bochincho e do fandango Da boleadeira e do mango, da coxilha e da canhada Querência verde orvalhada dos ventos que se adelgaçam Repetindo quando passam, já fui tudo e não sou nada ♪ Rincão da flor colorada no topete das morenas Do tilintar das chinelas e do umbu triste sozinho De onde o bem te vi do ninho, nas alvoradas serenas Desfiam sem fim de penas na evocação de um carinho ♪ Querência do cusco amigo, nobre e guapo companheiro Do balcão do bolicheiro, da china linda e do trago Do paysano que anda à vago sem parador, nem querência E vai curtindo na ausência recuerdos de algum afago ♪ Querência do mate amargo, sevado em fogão tropeiro Do redomão caborteiro que, num upa, corcoveia Da cruz carcomida e feia, entre moitas de erva rala Que tristemente assinala vestígios de uma peleia ♪ Querência do carreteiro, sempre a cruzar ao tranquito Na sina de andar solito junto à carreta que passa Como um duende que esvoaça levando para o infinito O fardo santo e bendito dos atavismos da raça ♪ Querência da gaita véia', que pacholeando se espalha Do velho rancho de palha abandonado ao rigor E o pavilhão tricolor que foi sinal da batalha E hoje serve de mortalha do gaúcho peleador