Toda vez que eu viajava pela estrada de Ouro Fino De longe eu avistava a figura de um menino Que corria, abria a porteira, depois vinha me pedindo Toque o berrante seu moço que é pra eu ficar ouvindo Quando a boiada passava e a poeira ia baixando Eu jogava uma moeda, ele saia pulando Obrigado, boiadeiro, que Deus vá lhe acompanhando Praquele sertão à fora meu berrante ia tocando ♪ Nos caminhos, nessa vida muito espinho eu encontrei Mas nenhum calou mais fundo do que isso que eu passei Na minha viagem de volta qualquer coisa eu cismei Vendo a porteira fechada, o menino não avistei Apiei do meu cavalo num ranchinho à beira chão Vi uma mulher chorando, quis saber qual a razão Boiadeiro, veio tarde, veja a cruz no estradão Quem matou o meu filhinho foi um boi sem coração ♪ Lá pras bandas de Ouro Fino levando gado selvagem Quando passo na porteira até vejo a sua imagem O seu rangido tão triste mais parece uma mensagem Daquele rosto trigueiro desejando-me boa viagem A cruzinha do estradão do pensamento não sai Até fiz um juramento e não esqueço jamais Nem que meu gado estoure, que eu precise ir atrás Nesse pedaço de chão berrante eu não toco mais