"Aquela pobre vaquinha indo para o matadouro Tão velha e magra que tem os ossos furando o couro Parece que ela advinha que caminha para o fim Se ela pudesse dizer, talvez nos diria... assim:" Meu boiadeiro me levando à morte Dei minha vida para lhe ajudar Meu leite puro é que matou a fome De seus filhinhos, que ajudei criar Os meus filhinhos você levou embora Uns para o corte e outros no estradão Puxando carro pelo chão do mundo De dor, sangrado pelo seu ferrão Um obrigado eu esperava ouvir agora Porém, só ouço a chicotada da partida Meu coração, entristecido, está chorando A ingratidão de quem tanto ajudei na vida ♪ Hoje estou velha, pra mais nada presto A minha morte só lhe satisfaz Vivi a vida só lhe dando lucros Sem o direito de morrer em paz Quando sua faca atravessar meu peito E o meu sangue lhe escorrer na mão Por sua pobre ignorância humana Meu boiadeiro, lhe darei perdão Um obrigado eu esperava ouvir agora Porém, só ouço a chicotada da partida Meu coração, entristecido, está chorando A ingratidão de quem tanto ajudei na vida ♪ Após a morte, eu serei seus passos No seu calçado feito com meu couro Serei o cinto pra enfeitar madames Serei a bolsa pra guardar seu ouro Desde o início da humanidade Quando, em Belém, viram a Divina Luz O meu calor, na fria manjedoura Fui eu que um dia aqueci Jesus Um obrigado eu esperava ouvir agora Porém, só ouço a chicotada da partida Meu coração, entristecido, está chorando A ingratidão de quem tanto ajudei na vida