Chegando o mês de novembro, dando a primeira chuvada
Reúne-se a vaqueirama em frente à casa caiada
Vão olhar, no campo, o pasto, se a rama já tá fechada, êh êh êh
O vaqueiro da fazenda é quem se monta primeiro
No seu cavalo castanho, bonito e muito ligeiro
E vai ao campo pensando na filha do fazendeiro, êh êh êh
Corre dentro da caatinga rolando em cima da sela
Se desviando de espinho, unha de gato e favela
Aboia em verso falando da beleza da donzela, êh êh êh
Diz ele no seu aboio: ô, vaca mansa bonita
Tem, no lugar do chocalho, um lindo laço de fita
Seu nome é Rosa do Prado, um mimo de Carmelita, êh êh êh
Quando se juntam os vaqueiros em frente à casa caiada
Um cabra de voz bonita sai cantando uma toada
Que a filha do fazendeiro fica logo apaixonada, êh êh êh
Carmelita quando vê o seu amor verdadeiro
Todo vestido de couro, começa no desespero
Mamãe, deixa eu ir embora na garupa do vaqueiro, êh êh êh
O vaqueiro adoecendo, joga seus couros na cama
Pelo campo, o gado urra como quem por ele chama
Na porteira do currá, berra toda bezerrama, êh êh êh
Diz ele: quando eu morrer, coloquem no meu caixão
Meu uniforme de couro, perneira, chapéu, gibão
Pra eu brincar com São Pedro nas festas de apartação, êh êh êh
Não esqueçam de botar as esporas e o chapéu
O retrato do cavalo que eu sempre chamei Xexéu
Para eu brincar com São Pedro nas vaquejadas do ceú, êh êh êh
Diz ele: quando eu morrer, não quero choro nem nada
Quero meu chapéu de couro e uma camisa encarnada
Com as letras bem bonitas: foi o rei da vaquejada, êh êh êh
Termino, me despedindo das serras, dos tabuleiros
Dos grutilhões das chapadas, de todos os bons vaqueiros
Dos currais e das bebidas, de todos os fazendeiros, êh êh êh
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